Imaginem que um dos vossos sonhos é poder, ao lado de quem mais amam, dar o passo seguinte e constituir família. Como tal, seguem todos os passos nesse sentido (médica, exames, tudo ok e podem começar a tentar) e nada. Os meses passam. A seguir aos meses, anos. A dúvida instala-se e a médica, já preocupada, aconselha o seguimento por especialistas.
Imaginem que são encaminhadas para consultas de infertilidade. A espera. Os exames. E finalmente as respostas... ou a falta delas, porque os resultados dos exames são tão maus que, se quiserem mesmo um filho só vos resta a FIV (fertilização in vitro), que implica um tratamento hormonal fortíssimo em que o balanço entre as contraindicações e as hipóteses de sucesso (30% ou menos) vos deixam no limbo.
Imaginem ouvir que é a única solução, pois mesmo que não deixem de tentar "naturalmente" (soa tão mal, não soa?), uma gravidez "espontânea" seria "um milagre".
Agora, façam-me a vontade e imaginem mais um bocadinho. Aconteceu-vos tudo isto e, por vossa convicção preferiram colocar desde logo a hipótese do tratamento de lado e mentalizaram-se de que não poderiam ter um filho biológico. Afinal, os milagres não são assim tão comuns (ou não se chamariam milagres) e, desilusão por desilusão, mais vale sofrer de uma vez do que ir penando aos poucos. Arruma-se o assunto (ou melhor, vai-se arrumando) e pronto.
Isto foi o que me aconteceu no início de Março deste ano, alguns dias passados sobre a data do último post neste cantinho que me é tão querido. A bem da verdade, foi como se me tivessem tirado um tapete de debaixo dos pés, ou dado um murro no estômago. Mais um.
Contudo, depois do desgosto dos primeiros dias, rapidamente concluí que a Vida continua e há tantas coisas boas por que viver e às quais nos podemos entregar e desfrutar ao máximo. Mais importante ainda, eu e o A. não deixámos que esta notícia nos afastasse, não falámos em culpas, não nos acusámos mutuamente nem apontámos dedos. Enfrentámos o diagnóstico como todo o processo até ali: Juntos e com muita fé, na Vida e em nós. Porque aquilo que nos une é mais forte e é, sem dúvida, o mais importante para nós.
Assim, continuei a fazer os trabalhinhos para o enxoval da princesa Aurora (que publicarei nos próximos dias) com o mesmo amor (se calhar com um bocadinho mais, até) e a mesma dedicação. Afinal, se não iria poder mimar um bebé meu, poderia fazê-lo ao de quem me confia as suas encomendas.
Os dias foram passando, as semanas também e, no final de Março, caí à cama (quase literalmente) com uma gripe que não passava. Febre baixa, muitas dores no corpo e um mal-estar inexplicável. Finalmente, na Semana Santa, depois de muita insistência do A., lá me deixei convencer e fiz um teste de gravidez (só para o calar, afinal... não me tinham dito que "só um milagre"?).
Imaginem de novo... A minha/nossa cara quando o bendito teste acusou o que podem comprovar aqui:
Pois é! Não é que a Vida nos abençoou com um grande (enorme) milagre?
Depois de alguns sustos nas primeiras semanas (que me afastaram de tudo... do trabalho, dos Pontinhos, da vida como até então a levava), agora posso dizer que tudo corre bem :).
Estamos com sensivelmente quatro meses e meio de gestação (18 semanas), uma barriguinha que decidiu crescer de repente (a partir das 14 semanas) e muito, tão, imensamente felizes!
Diz a médica que vem por aí (80% de certeza na ecografia das 14 semanas) uma menina... A nossa Maria Clara :). Podem acompanhar-nos nesta aventura na barrinha lateral que não resisti em colocar :).
Digo eu que há muitos posts para publicar e novidades para ir partilhando :).
Espero que ainda haja por aí umas leitoras que não se importem de voltar a este cantinho, que espero agora conseguir dotar de nova vida e novo fôlego.
A vida é uma caixinha de surpresas e é tão bom poder partilhá-las!
Boa semana e até já!
Rosália